Na passada sexta-feira, dia 18 de Março, os alunos do 12º ano da EB2,3/S e da Epralima (turma Técnico de Organização de Eventos e Técnico de Apoio à infância) participaram na iniciativa "À Conversa com...", levada a cabo no auditório da Casa das Artes e inserida na programação da Semana da Leitura.
Com moderação a cargo de Nuno Soares, director da Casa das Artes concelhia, "À conversa com..." trouxe aos mais novos os escritores Valter Hugo Mãe e Eugénia Brito, a pintora Isabel Lhano (autora das ilustrações que acompanham muitas das obras de Valter Hugo Mãe, como é exemplo "O Rosto". Uma obra pensada a partir dos desenhos da pintora) e ainda uma breve apresentação do Ipad2, referido como um dos mais importantes suportes de leitura da nova era.
Os escritores falaram das suas experiências enquanto profissionais da escrita, daquilo que os inspira e influencia, como os lugares por onde passam, locais onde vivem, as pessoas que conhecem ou as situações que vivenciam durante a redacção das suas obras - "estive cerca de 10 dias nesta zona para acabar o meu recente trabalho e, nele, por mais que a história tenha a ver com outras coisas, acaba sempre por ter elementos dos últimos dias que vivi", Valter Hugo Mãe. "O local onde moro marca muito aquilo que escrevo...Os lugares são muito importantes e Arcos de Valdevez marcar-me-á para toda a vida", Eugénia Brito.
A arcuense Eugénia Brito referiu-se também à leitura como sendo o ofício do escritor. A autora diz que o escritor deve ter uma "leitura de comportamentos, de pessoas, actividades, fazer a leitura da vida, e, contra isso não há armas. Se não houver um gozo na tentativa de ler o que esta à nossa volta as coisas não saem, nem com boas canetas ou bons computadores."
Como a internet, os computadores e os telemóveis são cada vez mais ferramentas diárias dos jovens, Valter Mãe destacou a sorte que todos têm devido aos inúmeros recursos que possuem para ler ou escrever, adiantando que "Vocês são a geração que mais lê e escreve de toda a humanidade". Afirmou baseando-se num estudo feito ao número de sms enviadas por mês pelos jovens, que revela que mensalmente escrevem o equivalente a um pequeno romance.
Neste espaço dedicado à leitura foi ainda feita a apresentação do Ipad2 pela empresa Datasuporte e discutido o futuro dos livros em formato impresso. Os alunos ficaram a conhecer um sem número de novas possibilidades e formas de ler, já que o pequeno e leve aparelho, ("O Ipad está algures entre o telemóvel e um portátil", Marcel Schmitz, formador Apple), através das aplicações Ibook Store e Appstore permite ao utilizador levar sempre consigo verdadeiras bibliotecas, permite ler com apoio vídeo, fazer anotações, colocar lembretes, alterar estilos e tamanho de letra dos textos, entre muitas outras funcionalidades.
Para além disso, conforme Valter Hugo defende, o Ipad tem vantagens económicas para as editoras, que não têm de imprimir os livros, e vantagens ao nível da publicidade e distribuição. "O Ipad é uma guerra do económico e daquilo que as pessoas vão exigir no futuro. Os livros são um formato ao qual nos habituamos mas que vai desaparecer, porque temos a oportunidade de ler de forma mais económica e limpa", disse.
Ao contrário, Eugénia prefere o formato original, impresso e com "cheiro de livro", e só vê no Ipad a vantagem de não ter de carregar o peso de vários obras quando vai de viagem, podendo reuni-las num aparelho electrónico com menos de um kg.
Tal como em todas as outras rubricas "À conversa com..." os alunos mostraram-se bastante atentos e curiosos pelo mundo da escrita, tendo colocado várias questões a todos os intervenientes e gerado um debate saudável.
