"Filme tem a essência de contar uma história, a essência de nos fazer sorrir e pensar sobre a vida... E estes é que são os bons filmes... Aqueles que nos obrigam a fazer pontes com o nosso dia-a-dia", Mário Augusto
No passado domingo, 6 de Fevereiro, a Casa das Artes concelhia abriu as suas portas para receber a apresentação definitiva do filme "Parto", rodado em Arcos de Valdevez, com actores locais.
Perante uma plateia repleta, o realizador António Correia, o produtor Fernando Centeio, Olegário Gonçalves, um dos personagens principais da trama, e ainda Mário Augusto, jornalista e conhecido comentador de cinema, falaram sobre este projecto concretizado no tempo recorde de 11 dias, concebido depois de dois habitantes locais terem mostrado ao realizador vários sítios do concelho que lhe despertaram interesse, como Cabreiro, Lordelo e a Branda da Carvalheda.
António Correia classificou este dia como sendo muito importante para si, por ser um retorno de tudo o que viveu em Arcos de Valdevez, uma terra que "é especial e tem prazer em receber". Houve uma relação mágica entre toda a equipa e os actores. O projecto é um retorno da vossa dádiva. Não são apenas as personagens que são especiais....toda a gente daqui é muito especial, disse.
O filme tem tido uma boa aceitação por parte do público e tudo indica que terá projecção internacional, por isso foi com satisfação que o realizador agradeceu ao município arcuense por ter acreditado em si e no seu projecto.
Mário Augusto, comentador de cinema, abriu as portas do seu programa e disponibilizou-se desde o primeiro momento a estar presente na apresentação deste filme que o encantou. Um filme que conforme diz, "tem a essência de contar uma história, a essência de nos fazer sorrir e pensar sobre a vida...E estes é que são os bons filmes. Aqueles que nos obrigam a fazer pontes com o nosso dia-a-dia... Um filme quando é bem contado não precisa de ter explosões ou qualquer aparato visual porque uma boa história é sempre o seu maior truque".
Segundo o próprio, o filme "Parto" possui três aspectos importantes: a genuidade do desempenho apaixonado e desinteressado dos actores; a particularidade do realizador ter conseguido fazer com que a Terra não fosse mero cenário, mas também parte integrante da história, e, por último, a paixão, que não se vê mas que se sente, de todos os envolvidos no projecto. "O António não tinha de fazer este filme e se o fez foi por paixão... quando assim é, as coisas são sempre melhores", adiantou.
Com personagens locais o realizador pretendeu trazer para a história aspectos reais de cada um. Olegário Gonçalves, Raul Sá e Carlos Dias são três dos principais intervenientes nesta trama que tem a ver com a desertificação e com aquilo que intrigou o actor, nomeadamente o facto de ainda ser possível existir tanta gente isolada, com muita dificuldade em termos de acesso aos serviços, à saúde, aos transportes e ao comércio, como a que pôde ver nos locais visitados.
O nome Parto, segundo António Correia, vem de "parto de partir e parto de parir", no entanto encerra também uma analogia com as mamoas do Mezio. Um local de filmagens indicado por Nuno Soares, director da Casa das Artes concelhia e, também ele, personagem do filme.
Joaquim Gonçalves e Preciosa Esteves sãos outras das principais personagens locais que integram o elenco.
