XX Feira do Livro de Arcos de Valdevez
A Feira do livro de Arcos de Valdevez já conta com dois dias passados, tendo o de ontem (22 de Julho) ficado marcado pela apresentação do livro "Estrelas sem Brilho", do arcuense Victor Fernandes, e pelas actuações fantásticas de música e dança realizadas pela Associação Desportiva e Cultural Aboim/Sabadim e Associação Social e Recreativa Juventude de Vilafonche. Iniciativas que contaram com uma plateia recheada de familiares, amigos e curiosos.
"Estrelas sem Brilho", a primeira obra editada por Victor Fernandes é o espelho da sua vida em Arcos de Valdevez, terra onde nasceu, e França, país para onde emigrou em 1970 e onde reside há quatro décadas. Nos seus poemas refere momentos da vida íntima, como a morte dos seus quatro filhos ("as estrelas sem brilho"), a paixão pelo teatro, pela música e associativismo.
De destacar que a capa da obra é um desenho feito pelo seu filho mais novo, Jérémie, quando tinha 5 anos -filho a quem dedica este livro por ter sido com o seu desaparecimento que ganhou coragem para o fazer. "Eu nunca na vida pensei vir a editar um livro e só ganhei coragem para o fazer devido à falta do meu filho Jérémie, falando nele e em todos os mais próximos que até hoje, infelizmente, perdi", adiantou.
Foi com grande humildade que o autor fez a apresentação da sua obra, tendo referido logo de imediato, e em tom de brincadeira, que "isto na minha linguagem é um biscate e não tenho jeito para o fazer".
Como usa a poesia para relatar a sua vida, Victor Fernandes em jeito de contextualização da obra, fez referências a algumas passagens biográficas da sua vida como o facto de, apesar de ter nascido em S. Paio da Vila, ter ido morar com quatro anos para o "típico bairro da Valeta"; da sua mãe ter sido vítima do acidente rodoviário do Castelo, em 1958, quando ele tinha menos de doze anos; de ter ingressado ainda muito jovem no Rancho Folclórico de S. Paio, como tocador de viola, a morte dos seus quatro filhos, assim como a emigração para França em Março de 1970.
De fora não ficaram os agradecimentos à sua família e amigos, à Câmara Municipal na pessoa do Presidente da Câmara, Francisco Araújo, ao Vereador da Cultura, Pedro Teixeira e ao director da Casa das Artes, Nuno Soares, pelo apoio dado na concretização deste seu sonho.
Nuno Soares, director da Casa das Artes concelhia, fez questão de proferir palavras apreço a este autor "que tem distribuído a sua vida por esta terra e além fronteiras" o que "dá ainda uma maior dimensão ao seu trabalho e esforço". "É de louvar o trabalho de pessoas que elevam a cultura e trabalham na memória", referiu.
Dando conta de que este foi um momento muito especial para o autor, concluiu: "quero pedir-lhe que continue a escrever e a manifestar a sua identidade cultural".
Esta apresentação ainda ficou pautada pelas declamações de alguns poemas do seu livro, nomeadamente, "Estrelas sem Brilho", "Duas Vidas", "Recordar Luanda" e "Saudade, pela amiga Tânia Barbosa e pelo seu irmão José Manuel Fernandes.
As actividades da Feira do Livro prosseguem hoje, 23 de Julho, com a apresentação da obra "Mataram o Sidónio!", da autoria de Francisco Moita Flores, pelas 21h30, e com a actuação musical "Trio Pagú", cerca das 22h30.