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XX Feira do Livro de Arcos de Valdevez abriu ontem ao público

XX Feira do Livro de Arcos de Valdevez abriu ontem ao público
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22 Julho 2010

A XX edição da Feira do Livro de Arcos de Valdevez abriu ontem, pelas 21h00, ao público, dando início a 5 dias repletos de cultura através da apresentação de várias obras literárias, de momentos de leitura para os mais pequenos e diversas actuações musicais.

Realizada há vários anos pela autarquia, o evento voltou, a par do que tem acontecido nos anos anteriores, ao Campo do Trasladário de forma a lhe proporcionar a visibilidade merecida.

No primeiro dia de programação desta iniciativa, os visitantes puderam observar de perto a inúmera quantidade de obras expostas e assistir à apresentação do livro "Para além do Tempo", da autoria de José Ilídio Torres e editado pela editora Temas Originais.

Pela segunda vez consecutiva a abrir este certame cultural - no ano passado também marcou presença em Arcos de Valdevez para apresentar o romance "Diário de Maria Cura" - este professor de educação física/escritor de Barcelos, desde muito novo que se dedica à escrita, mas apenas em 2007 começou a editar os seus textos e poemas. Tem publicadas as obras "A tristeza matou os peixes que nadavam nos teus olhos" - Contos e poesia; "Contos de Água e Areia" - Contos; o romance "Diário de Maria Cura" e agora "Para além do Tempo" - contos. Um livro composto por 9 contos escritos no ano de 2009.

Segundo Luís Manuel Cunha, autor do prefácio da obra apresentada, "Para além do Tempo" é um livro "De indiscutível pendor literário, não raramente documentado em momentos de verdadeira prosa poética, os contos desta colectânea revelam claras reminiscências populares, através de acções centradas em personagens invulgares, sobretudo femininas, onde o ritual mágico do maravilhoso reenvia o leitor para um universo muitas vezes simbólico e fantástico com acentuadas influências das tradições dos contos populares.
Aliás, essa dimensão simbólica ficcionada começa desde logo no próprio título - "Para além do tempo". É pois para além do tempo real, cronológico, na sua irreversibilidade, na sua inexorabilidade imparável, que as personagens destes contos procuram recuperá-lo, num anseio impossível mas sempre perseguido de o superar, seja na busca do mito inalcançável da "eterna juventude" ("Zé Tempo"), seja plasmando-o imagisticamente num "belo rosto de mulher sorrindo para além do tempo" ("As mãos de Helena"), seja no anseio de tudo abranger numa espécie de sonho mítico de um tempo único abrangendo todo o passado e todo o presente numa espécie de tempo sem tempo ("Dèjá vu"), seja reinventando-o numa dialéctica vivencial passado / presente à procura do tempo perdido, como diria Marcel Proust, evidente na personagem Mariquinhas, "uma mulher que sabia domar o tempo" ("A velha senhora dos gatos"), seja ainda associando-o à morte para, logo a seguir, a superar, reafirmando a vida numa espécie de transcendência mágica de "milagre" fantástico ("A estranha história de Júlio Chuva")".

Em suma "este livro de contos de José Ilídio Torres merece bem ser lido atentamente, porque potencia aquilo que a leitura também é, ou seja, uma actividade criadora", adianta.

Na ausência de Luís Manuel Cunha, José Ilídio Torres fez uma apresentação informal da sua obra, nunca deixando de referir que foi professor na escola arcuense EB/JI de Távora, "a escola que em 10 anos de trabalho me deixa mais saudades" e que foi em Arcos de Valdevez "que encontrei os alunos mais queridos... Ter passado por aqui é motivo de grande orgulho" - de destacar que um dos contos da obra, nomeadamente "Júlio Chuva", se passa em terras de Valdevez e foi escrito por influência de uma aluna arcuense.

Não se conseguindo definir como escritor por ser multifacetado - escreve poesia, contos e prosa - assume-se, no entanto, como sendo essencialmente contista por lhe parecer que é nos contos que se revê melhor. "Gosto de escrever contos de cariz tradicional. Muitas vezes aparecem-me no café da aldeia ao domingo ou a partir de uma pequena história que me contam, que depois visto com uma roupagem mais moderna e actual", afirmou. Já em relação ao seu trabalho diz ser uma espécie de José Mourinho da escrita - "dou a cara pelo meu trabalho. Estou sempre pronto a partilhá-lo e a transmitir o gosto pela leitura, que é fundamental, pois tudo o que fizermos para levar os miúdos a ler é válido.

Sou um experimentalista da escrita. Toco os limites em termos da palavra e muitas vezes sento-me no fio da navalha. Felizmente tenho tombado para o lado do sucesso, o que é sinal de que aquilo que tanto gosto de fazer se efectiva em livros".

José Ilídio Torres terminou a sua intervenção com uma frase que é motivo de orgulho para todos os arcuenses presentes: "voltarei aos Arcos sempre com a mesma emoção porque amo esta terra".

O director da Casa das Artes, Nuno Soares, fez questão de agradecer, sentidamente, ao autor por mais uma vez se ter lembrado de Arcos de Valdevez para apresentar as suas obras e adiantou que "são exemplos como ele que vão quebrando certas limitações (é professor da área de desporto e tem várias obras editadas)".

"Arcos de Valdevez estará sempre disponível para o atender naquilo que achar que é oportuno e nós o pudermos apoiar", concluiu.

Esta apresentação contou ainda com as performances de Ção Pitada e Margaret Silva, ambas amigas do escritor, que tocaram e declamaram excertos dos seus contos e poemas, nomeadamente, "Júlio Chuva" (conto) e as "Palavras Não" (poema musicado).

A noite prosseguiu com a actuação de Ção Pitada no Campo do Trasladário. A cantora apresentou um projecto assente em diversos covers nacionais e internacionais, interpretados com uma particular atenção e forte personalidade musical.

Hoje, 22 de Julho, a Feira do Livro abre às 14h00 e à noite, cerca das 21h45, contará com a apresentação do livro "Estrelas sem Brilho", da autoria de Victor Fernandes e momentos de dança, pelas 22h30, apresentados pela Associação Desportiva e Cultural Aboim/Sabadim e Associação Social e Recreativa Juventude de Vilafonche.

Município de Arcos de Valdevez
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